Na década de 1950, o físico norte-americano Richard Feynman, laureado com o prêmio Nobel em 1965, viveu e lecionou por quase um ano na cidade do Rio de Janeiro. Dessa experiência ele produziu um relatório “Ensino de Física no Brasil segundo Richard Feynman”.
Donde destaco o seguinte parágrafo:
“Finalmente descobri que os estudantes tinham decorado tudo, mas não sabiam o que queria dizer. Quando eles ouviram “luz que é refletida de um meio com um índice”, eles não sabiam que isso significava um material como a água. Eles não sabiam que a “direção da luz” é a direção na qual você vê alguma coisa quando está olhando, e assim por diante. Tudo estava totalmente decorado, mas nada havia sido traduzido em palavras que fizessem sentido. Assim, se eu perguntasse: “O que é o Ângulo de Brewster?, eu estava entrando no computador com a senha correta. Mas se eu digo: “Observe a água”, nada acontece – eles não têm nada sob o comando “Observe a água”.
O que Feynman quis demonstrar é que os alunos tinham capacidade de decorar, mas não de apre(e)nder de fato. Vale destacar que “os alunos” de Feynman hoje são nossos professores e/ou foram professores de nossos professores, e também, que a qualidade do ensino regrediu de lá para cá.
Fazendo uso da célebre frase de Darcy Ribeiro: “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto” entro realmente no texto.
A qualidade do ensino público, até o nível médio, é sofrível, ouso dizer, por exemplo, que ninguém aprende inglês via escolas públicas no país, ou seja, o governo sabota grande parte da população, visto que a língua inglesa é fundamental, seja para permanência na área acadêmica, seja para a vida no trabalho. O ciclo se completa quando na grande maioria das boas propostas de emprego, exige-se inglês de nível intermediário à fluência. Neste simples exemplo 80% das pessoas (subestimado) estão fora do jogo.
O que parece um quadro estático, no qual o governo mais as empresas sabotam parte da população, é na realidade um grande quadro de auto-sabotagem, um “furacão” que afeta de A a Z.
Isso porque, se estamos formando pessoas sem capacidade de raciocínio, e consequentemente, incapazes de resolver problemas, essas pessoas estão em todas as esferas da sociedade, do chão de fábrica ao alto escalão do governo.
As consequências práticas do exposto acima, é que as empresas (públicas ou privadas) precisam importar tecnologia para se desenvolver e quando estas tecnologias apresentam problemas, as empresas importam a mão-de-obra para solucionar estes problemas.
Um exemplo simples, nossos campus universitários têm milhares de computadores, cada um deles com sistema operacional e softwares pagos, gasta-se milhões de reais para obtenção e manutenção destes, não poderíamos nós mesmos desenvolver tais programas em nossas universidades?
Para completar a auto-sabotagem à brasileira, popularmente conhecida como tiro no pé, temos uma classe política inapta e inepta para solucionar nossos problemas.
É preciso parar de falar que a educação resolve e resolver a educação.